terça-feira, 22 de maio de 2012

Café debate Direitos Humanos dos Negros na OAB


O auditório da OAB/Duque de Caxias ficou lotado, na tarde de sexta-feira, 18 de maio, durante a realização do Café com Direitos, evento promovido pela Secretaria Municipal de Assistência Social de Duque de Caxias,através da Subsecretaria de Direitos Humanos. Organizado pela Coordenadoria Municipal de Políticas e Promoção da Igualdade Racial e Direitos Humanos(COMPPIRD), o café contou com a presença de autoridades municipais e estaduais, além de representantes do Movimento Negro e de incentivadores da cultura afrodescendente. No próximo dia 31, também na OAB, haverá outra etapa do projeto Café com Direitos, desta vez abordando a temática LGBT, no horário das 9h às 12h.
A secretária Roseli Duarte ficou satisfeita com o resultado da iniciativa
O Evento teve como objetivo debater sobre direitos humanos para negros e captar argumentos e ideias para contribuir com aelaboração do Plano Municipal de Igualdade Racial. O documento, que está sendo elaborado com a colaboração técnica do COMPPPIRD, será a base para formulação de políticas públicas de atendimento igualitário para a população de Duque de Caxias. O Plano Municipal de Igualdade Racial envolve a participação da sociedade civil, órgãos governamentais e pessoas interessadas no tema.
O Café com Direitos contou com a presença de autoridades como o ex-secretário estadual de Direitos Humanos, coronel e professor Jorge da Silva; da professora Valéria Teixeira; do especialista em cultura africana, Sérgio Mauro de Araújo, o Mestre Banzo; e da representante do Movimento LGBT, Carol Ferreira; além do representante da Secretaria Estadual de Direitos Humanos, Marcelo Dias.
 
Julia Paula, do COMPPIRD, destacou a importância do projeto Café com Direitos
Em sua fala, Jorge da Silva lembrou o período dacolonização e da escravidão, que trouxe centenas de milhares de negros africanos para trabalharem como escravosno. “O Brasil se manteve por mais de 350 anos como uma nação escravocrata”, observou e acrescentou que, as leis como a do Ventre Livre e do Sexagenário, não passaram de engodo. “Uma criança nascidade uma escava, ficava sob a tutela da família branca até os oito anos, depois passava a trabalhar para o senhor de engenho até os 21 anos. Esta era a Lei doVentre Livre”, comparou o ex-secretário, acrescentando que no Brasil existe um racismo individual e institucional, que precisa ser combatido. “Só uma sociedade mobilizada poderá cobrar ações firmes para solucionar o problema”, concluiu.
 
A professora Valéria Teixeira falou sobre as religiões de matrizes africanas
Pedagoga e estudiosa das religiões africanas, a professora Valéria Teixeira falou sobre a importância da diversidade religiosa no Brasil, dos espaços religiosos conhecidos como terreiros e do papel das lideranças, como pais e mães de santo – cargos semelhantes aos de sacerdotes em outras religiões. Valéria destacou que a Constituição Brasileira de 1988 reconhece a liberdade deorganização religiosa, de liturgia e de crença em todo o país. “A presidente Dilma assinou decreto reconhecendo o dia 15 de novembro como o Dia Nacional da Umbanda”, observou a palestrante.
Representante do Movimento LGTB Baixada Um, Carol Ferreira criticou o preconceito existente em relação aos negros homosexuais, inclusive no trabalho. Ela lembrou a ocasião em que ficou presa na porta giratória de uma agência bancária, o que lhe causou grande constrangimento.“Não é minha cor ou opção sexual que vão definir se tenho competência profissional. Nós, negros, só chegamos aonde chegamos porque lutamos muito para isso”, concluiu.
Entre Júlia Paula e Roseli, Marcelo Dias elogiou a iniciativa da SMASDH

Estudioso da cultura africana, em especial os fundamentos da capoeira, Mestre Banzo estava acompanhado de seu grupo dealunos, o Olorum Didê. Morador de Petrópolis, onde desenvolve trabalhos de dança e canto africanos entre os jovens, ele falou da satisfação de participardo encontro e lembrou que a cultura negra é uma das mais vastas do mundo, tendo ligação direta com a Umbanda e o Candomblé. Sua palestra foi seguida de uma linda apresentação do Olorum Didê, que contagiou todos os presentes.
 
Integrantes do Grupo Olorum Didê, que se apresentaram com Mestre Banzo
Para a secretária Roseli Duarte, o sucesso do evento foi possível graças ao empenho da subsecretária de Disreitos Humanos, Ana Lúcia Dinamite, e da coordenadora do COMPPIRD, Júlia Paula Moraes, que se envolveram totalmente na iniciativa. "Fico muito feliz em ver todos discutindo estas questões fundamentais para a elaboração do Plano Municipal de Igualdade Racial, que será um dos mais avançados de nosso país. Muito obrigado a todos pela presença e que possamos desenvolver juntos trabalhos cada vez mais sérios", concluiu Roseli.


Texto: Nelson Soares
Fotos: George Fant e Antonio Carlos Oliveira

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