segunda-feira, 12 de março de 2012

Membros do Governo Federal visitam catadores do aterro


Sacrificado durante décadas pelo despejo de milhares de toneladas lixo vindos de vários municípios, o Jardim Gramacho, no primeiro distrito, prepara-se para se tornar um bairro modelo, com qualidade de vida para seus moradores. Os últimos caminhões com dejetos ainda fazem uso da área que se tornou o maior aterro sanitário da América Latina, mas a expectativa é que as atividades no lixão sejam encerradas até o final de abril. Representantes dos catadores de materiais recicláveis, que vivem do aterro sanitário, se reuniram nesta manhã, 9 de março, com representantes dos Governos Federal, Estadual e Municipal. O objetivo foi conhecer o cotidiano dos trabalhadores e analisar as reivindicações feitas ao poder público.
O líder catador Tião dos Santos, entre Diogo Santana e Andreia Zito
Pelo menos 1.800 catadores foram cadastrados pela Prefeitura de Duque de Caxias, através das Secretarias de Assistência Social e Direitos Humanos (SMASDH), entre janeiro e fevereiro. Com o fim do aterro sanitário, cerca de 8 mil pessoas – levando-se em conta que cada tenha mulher e pelo menos dois filhos – perderam sua forma de sustento. Assim, os trabalhadores cadastrados serão incluídos em programas sociais, cursos de qualificação e associações de geração de renda.
Roseli fala sobre a união do Poder Público em benefício dos catadores
Os catadores receberam as autoridades em sua associação, no Jardim Gramacho, onde foram apresentadas as reivindicações para serem implementadas após o fim do aterro sanitário. Estiveram presentes a secretária municipal de Assistência Social de Duque de Caxias, Roseli Duarte; o secretário municipal de Meio Ambiente, Samuel Maia; a deputada federal Andreia Zito, o secretário geral da Casa Civil do Governo Federal, Diogo Nogueira. Também compareceram técnicos do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) e representantes da Secretaria Estadual do Ambiente (SEA) e de outras instituições parceiras da iniciativa, como o PANGEA, INCRA, Banco do Brasil, Petrobras, Caixa Econômica, IBASE e Assecampe, entre outras.
Denise Lobato e Roseli Duarte conversam sobre os caminhos do projeto
Diogo Nogueira lembrou que a reunião aconteceu na associação por sugestão do catador Alexandre Gordinho, que contribuiu muito para que o grupo conhecesse o cotidiano dos trabalhadores. Nogueira destacou que é preciso pensar, também, em fatores como habitação para os trabalhadores, que ainda não têm onde morar. Denise Lobato, da Secretaria Estadual do Ambiente, destacou a importância de priorizar trabalho e renda para os catadores. “A intenção é acabar com o lixão, não com os catadores”, concluiu.
Samuel Maia visitou uma fábrica de vassouras que recicla garrafas pet
O secretário Samuel Maia agradeceu aos parceiros que lutam pela causa dos catadores e lembrou que Duque de Caxias vive um momento histórico do qual podem surgir vitórias, com os catadores tendo sua dignidade garantida. Samuel lembrou que quando criança jogou futebol na área que foi transformada no aterro sanitário. “Antigamente, os supermercados descartavam aqui os produtos vencidos, entre eles muitos alimentos, que eram disputados por pessoas pobres. A partir daí, a área foi transformada num vazadouro de lixo que se transformou no maior aterro sanitário da América Latina”, contou.
Em sua fala, a deputada federal Andreia Zito destacou o seu apoio aos projetos de inclusão social e de geração de emprego e renda para catadores do aterro. “Estou com vocês e sou um braço direito de todos nessa luta em Brasília”, ressaltou Andreia.
A secretária Roseli Duarte observou que o trabalho envolveu as três esferas de poder, numa iniciativa conjunta para garantir a inserção dos catadores no mercado de trabalho, nos principais programas sociais e em outras oportunidades. “Estamos trabalhando numa parceria séria por uma causa nobre que é o futuro dos catadores e suas famílias”, concluiu Roseli.
O veterano catador Sidonio contou sobre sua trajetória no aterro sanitário
Aos 83 anos, mãos calejadas e marcadas pelo trabalho duro, Sidonio Francisco Generoso, contou que desde 1994 tira o sustendo do aterro sanitário. “Não sei se sou o mais velho, mas com certeza sou um dos trabalhadores do aterro que tem mais idade aqui. Somente de reuniões anuais, para você ter uma ideia, já participei de 16. Em todos, encontrei rostos novos, que revelavam a falta de oportunidades lá fora”, contou Sidonio, que pela idade avançada prefere não fazer planos. “Quero o sucesso para os mais novos. No meu caso, uma aposentadoria já seria bem-vinda”, disse o veterano catador.
Docinho apresentou as instalações do projeto Id Missões a Andreia Zito
Após a reunião, as autoridades fizeram uma visita ao aterro sanitário para constatar a realidade em que vivem os catadores de materiais recicláveis. No trajeto, a caravana cruzou alguns caminhões que ainda despejam o lixo no aterro sanitário. Acompanhada da líder catadora Roberta Alves, a Docinho, a deputada Andreia Zito visitou a sede do projeto Id Missões, que vai promover cursos e oficinas de geração de renda para os catadores. O espaço oferecerá cursos de cabeleireiro, cozinheira, além de judô e outras modalidades esportivas. Num prédio ao lado, os catadores poderão fabricar blocos de alvenaria e outros artefatos de cimento.


Texto: Nelson Soares
Fotos: George Fant

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