quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

PARTE 3 - TRINCAS, FISSURAS E RACHADURAS.

ATENÇÃO!   O conteúdo deste post é meramente ilustrativo e contém dicas importantes de casos que necessitam do trabalho de especialistas como Engenheiros e Geólogos, assim como de casos em que se deve chamar o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil .
20 - ÁLCALI - AGREGADO:
Conheça o fenômeno chamado de Reação Álcali-Agregado e veja os danos.
Trincas decorrentes da Reação Álcali-Agregados


O FENÔMENO:
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Em uma massa de concreto, os agregados (britas e areia) possuem certos componentes como os silicatos que reagem com os componentes do cimento como a cal, o gesso, o sódio e o potássio.
São reações químicas muito lentas (mais de dez anos) e produzem depois de muitos anos, a expansão de certos produtos causando o surgimento de trincas. Foram constatados tensões elevadíssimas, coisa da ordem de 400 MPa, isto é, 4.000 kg/cm2A sua detecção é complexa, envolve análises petrográficas e muitos ensaios laboratoriais. O fenômeno é potencializado com a presença de água. Assim, obras em contato com a água como fundações de pontes, reservatórios de água, chuvas intensas e locais de alta concentração de umidade são as que têm maior tendência de surgimento desse fenômeno.

COMO EVITAR:
As soluções mais práticas para se evitar a ocorrênia do fenômeno são:
  • Usar um outro agregado, menos propenso para essa reação;
  • Usar cimento do tipo Alto Forno ou Pozolânico;
  • Impedir o acesso de água ou umidade até o componentes estrutural por meio de isolamentos.

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21 - CIMENTO:
Veja quais são os tipos de cimentos produzidos no Brasil
O que é o CIMENTO e quais são os seus tipos.

O QUE É:
Cimento é qualquer substância que serve para ligar partículas. Cimento Portland é o cimento produzido pela queima e moagem da portladstone, calcário encontrado em abundância na cidade de Portland. Hoje em dia, cimento portland é o cimento produzido a partir de qualquer tipo de calcário. Além da resistência mecânica, o cimento possui outras propriedades importantes como o calor produzido na reação de endurecimento e também resistência química ao ataque de agentes externos como a água do mar ou mesmo alguns silicatos presente no solo ou nos agregados empregados no concreto.

QUAIS SÃO OS TIPOS FABRICADOS NO BRASIL:

SIGLASCP ICP IICP IIICP IVCP V
TIPOCimento
Comum
Cimento CompostoCimento de Alto FornoCimento do PozolanaCimento de Alta Resistência
RESIS-
TÊNCIAS
25CP I-25CP II-E-25CP II-Z-25CP II-F-25CP III-25CP IV-25
32CP I-32CP II-E-32CP II-Z-32CP II-F-32CP III-32CP IV-32
40CP I-40CP II-E-40CP II-Z-40CP II-F-40CP III-40
*CP V-ARI
NOTA: Os números 25, 32 e 40 são as resistências mínimas que o cimento deve ter aos 28 dias. A unidade de medida da resistência é o MPa (mega pascal) e é indicada assim: 25 MPa e lê-se vinte e cinco mega pascais. Os leigos podem multiplicar esse número por 10 e entender em quilogramas por centímetros quadrados, ou seja, 25 MPa = 250 kg/cm2. O cimento CP-40 é mais caro que o cimento CP-25 mas é altamente vantajoso pois as peças podem ser mais delgadas (finas) melhorando a aparência das obras.
Para facilitar a identificação e a diferenciação, a norma brasileira recomenda colocar, além da sigla do cimento, uma tarja colorida. Assim, o CP-25 não tem tarja, o CP-32 tem uma tarja verde e o CP-40 uma tarja azul.As siglas E, Z e F dizem respeito, respectivamente a: Escória granulada de alto-forno, com adição de Pozolana, com adição de Filer calcário.

COMPONENTES DO CIMENTO:
Silicatos de Cálcio: Principal componente do cimento. Todos os tipos de cimento o possui. É o componente que dá resistência mecânica ao cimento. Na reação de hidratação produz calor. Os silicatos mais comuns são o Silicato Tricálcico [3CaO.SiO2] e o Silicato Dicálcico [2CaO.SiO2].
Aluminato de Cálcio: Também presente em grande quantidade, o aluminato reage mais rapidamente com a água e produz grande quantidade de calor. Para frear essa ânsia calorífica, adiciona-se gipsita (sulfato de cálcio dihidratado [CaSO4.2H2O]). É desejável que todo aluminato presente no cimento seja consumido da hidratação pois a sua permanência, quando em contato com solos gessíferos, água do mar e efluentes industriais produzem compostos expansíveis que podem fissurar o concreto.[3CaO.Al2O3]
Cal: Componente indesejável pois a sua hidratação é expansível e produz fissurações superficiais no concreto. A cal é produzida durante a reação de hidratação.
Álcalis: Os álcalis criam problemas com os agregados que contém sílica resultando em expansão e produtos lixiviáveis. Nas obras em contato com a agua como piscinas, caixas d´água e fundações de pontes evita-se o emprego de cimento com alto teor de álcalis. Os alcalis mais comuns são o de sódio [Na2O] e o de potássio [K2O].
Pozolana: A pozolana é o material adicionado ao cimento para dar liga pois ela é muito pegajosa. A pozolana natural é a Cinza de Vulcões e a pozolana artificial é aquela fabricada. Cinzas Volantes são aquelas produzidas pela queima de carvão mineral e Cinzas Ativas são aqueles produzidas na queima de, por exemplo, casca de arroz, bagaço de cana e outros produtos. A pozolana aumenta a resistência química do cimento.Reage também com alguns produtos intermediários da reação de hidratação e ajudam a retardar a pega e a diminuir o calor produzido. Por isso, a sua adição ao cimento, é indicada para concreto de grandes massas como barragens.É indicada também quando o agregado tiver tendência a reagir com os álcalis pois a pozolana reage com os álcalis.
Escória de Alto Forno: Sua função é muito parecida com a da pozolana com a vantagem de conferir maior resistência mecânica e principalmente maior durabilidade ao concreto. Isso é facilmente compreensível pois a pozolana é um produto de origem orgânica. Entretanto, há desconfiança (pesquisa em andamento) de que os sulfetos existentes na escória venham a atacar a armadura, de modo que, não se recomenda o emprego de cimento com este componente em injeções nas bainhas de cabos de protensão.
Filer: São finos de calcário. Tem a propriedade de aumentar o teor de hidratos e aceleram a pega. Como não alteram muito as propriedades do cimento e são muito baratos, sãoutilizados em abundância para baratear o custo do cimento.

DURABILIDADE DO CIMENTO:
O cimento é produzido em duas etapas:
Na primeira etapa, os componentes são juntados em um forno especial que funciona a altíssima teperatura (1.5000C). Nessa temperatura, os componentes se fundem e o forno solta pequenas bolas chamadas de clinquer. Na segunda etapa, o clinquer é moído em moinhos especiais até ser transformado em um pó finíssimo chamado cimento. Esse cimento é "louco" por água e logo que é colocado em contato com ela inicia uma reação química chamada hidratação. Por isso, o cimento deve ser armazenado e transportado em embalagens ou silos hermeticamente fechados para que não haja nenhum contato de água ou mesmo de umidade do ambiente. Um saco de cimento guardado num porão úmido não dura mais de algumas semanas.
Mesmo quando armazenado em ambiente seco (como nas lojas) o cimento não deve ter mais que três meses entre o dia em que foi moído e o dia em que vai ser misturado com os agregados e água. Um cimento com mais de três meses já vai apresentar uma boa parte das moléculas já reagidas com a umidade absorvida do ambiente e sua resistência será bem menor do que aquela prevista na fabricação.

22 - TRINCAS NA RUA:
Armadilhas que escondem catástrofes
FISSURA ESCONDE CATÁSTROFE

Fissuras podem esconder Catástrofes Iminentes
 Muitas vezes, trincas com aparência inocentes como estas, tão comuns nas ruas, justamente por serem muito comuns podem desviar nossa atenção para problemas muito graves.





É necessário olhar o entorno e insistir na coleta de mais sintomas de problemas. No caso estudado, encontramos outros sintomas, aparentemente, sem relação com as trincas da rua, como os a seguir:

Trincas na calçada, em redor do poste

Além das trincas na rua encontramos trincas inclinadas no muro da casa

Trincas na região dos medidores.

Trincas avançando para dentro dos imóveis

Afundamento quase imperceptível do alinhamento das guias.

E, o sintoma mais significativo é que as casas estavam situadas sobre uma encosta muito íngreme, situação que só foi possível ver a partir de uma outra rua.


Haviam alguns outros indícios de escorregamento iminente do talude, de modo que a Defesa Civil foi acionada para a interdição dos imóveis sob risco. Nos dias que se seguiram, a Prefeitura efetuou uma campanha de sondagens geológicas na região, constando tratar-se de Região de Risco Geológico. As sondagens ajudaram a delimitar exatamente a área sob risco geológico de escorregamento. Este é um estudo de caso ocorrido em São Paulo.

Antes de pensar em "tampar" uma trinca, é importante descobrir e eliminar a causa, isto é, aquilo que está causando a trinca, pois a trinca é apenas uma conseqüência, um sintoma de alguma coisa ruim que está acontecendo com a sua casa ou prédio. Se você apenas tampar a trinca sem eliminar a causa, a trinca vai voltar. Veja um caso curioso, de infiltração de água da chuva, que deu muita dor de cabeça durante mais de 8 anos aos moradores de um prédio 

Este é um caso muito curioso.
Fui convidado a periciar um caso de água que caía da caixa de luz do teto da sala. Era um caso que se encontrava em litígio em um fórum cível há mais de 7 anos. Tratava-se de um edifício de apartamentos residenciais com 14 pavimentos-tipo mais o apartamento de cobertura dotado de uma belíssima piscina.
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O desenho acima é um desenho esquemático, simplificado, para facilitar a compreensão. Na realidade o apartamento era um "monstro" com muitas suítes e salas de altíssimo padrão. Um belo dia, o morador do Piso-14 notou que caía água pela caixa de luz do teto da sala:
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Era água limpa e sem cheiro. No desenho eu representei a água na cor maravilha para efeitos didáticos. Obviamente, o morador foi conversar com o proprietário do apartamento de cobertura e ambos chegaram à conclusão, mesmo sem a ajuda de um perito de engenharia, de que a culpa era a piscina pois o vazamento ocorria "bem debaixo" da piscina. O proprietário mandou fazer uma verificação na impermeabilização da piscina e chegou à conclusão de que não havia nada de errado com a impermeabilização da piscina. Deixou até um período sem água na piscina. O morador do Piso-14, não aceitou nada disso pois a cachoeira continuava. Não tendo conversa com o vizinho, entrou com uma ação na justiça. O processo rolou, foi efetuada a Pericia Judicial, como de hábito, e o juiz condenou o proprietário do Piso-15 a refazer a impermeabilização da piscina. Não tendo outra saída, o proprietário da piscina gastou um dinheirão e refez a impermeabilização da piscina.Vocês acham que o problema foi resolvido? Claro que não! Teve outras idas e vindas judiciais e depois de mais de 7 anos estavam todos na estaca zero. Ninguém sabia de onde vinha a água mas ela continuava a cair feito uma cachoeira do teto da sala. Ao ser convidado a participar desse "embróglio" lembrei-e do que dizia Leonardo da Vinci: "Se tiveres que tratar com água consulte primeiro a experiência e depois a razão".   Isso significa que a água tem comportamento que sempre foge à regra e nunca segue a lógica. Antes de satisfazer a minha curiosidade e ir logo ver a "cachoeira", antes mesmo de formar qualquer tipo de juízo, procurei ter uma longa e demorada conversa com o zelador do prédio. Afinal, um longo tempo se passou desde a "causa". Se existe um vazamento, deve haver ou deve ter tido uma causa.Relatou-me ele todas as intervenções, reformas e consertos que haviam sido realizadas naquele prédio, iniciativas comuns do condomínio e iniciativas particulares dos condôminos. Prédio com mais de 20 anos tinha sofrido intervenções de toda sorte, como é comum.Isso ajudou-me a formular 2 ou 3 hipóteses antes mesmo de ir ver a "cachoeira". Me contive e solicitei vistoriar antes alguns apartamentos, em especial o banheiro do Piso-13, que o zelador havia relatado ter surgido uma leve mancha escura no teto e que ele mesmo não tinha encontrado, de jeito algum, a causa e isso ele mesmo admitiu ser muito raro tendo em vista os muitos anos de experiência dele como zelador.
Lá fomos nós e encontramos a situação seguinte:
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A mancha era levemente escura mas no desenho indiquei a mancha com uma cor berrante para efeitos didáticos.
Outra coisa que chamou muito a minha atenção no depoimento do zelador, é que havia, na Cobertura, um chuveiro que era utilizado pelos usuários da piscina mas que havia sido removido. Insisti no detalhe de como e quem fez a remoção do chuveiro e que tratamento foi feito, exatamente o que foi removido, o tubo, o cotovelo, o tê, enfim o que foi tirado e o que foi deixado.
Além desse fato, o sr. zelador relatou que a "nova" impermeabilização, para ficar bem feita, foi feita com um alteamento nas paredes, não de 30 centímetros como é habito, mas com 70 centímetros de altura.
Para vocês poderem entender, siga o raciocínio pelas figuras seguintes:
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Na figura acima, estou representando a situação inicial em que havia o chuveiro. Observe que havia também uma torneira de jardim. A manta de impermeabilização original está representada na cor verde e ela tem um alteamento na parede de 30 centímetros.
Na figura seguinte vocês podem ver a situação depois:
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No relato do sr. zelador, ele havia dito que o fechamento do tê de onde saía a alimentação da torneira tinha sido feito com um PLUG que ele mesmo tinha encontrado dificuldade de apertar porque ficava bem fundo e acabou espanando a cabeça do plug. Teve, então, que ir de novo à loja de material de construção para comprar outro plug.
Engraçado, é que um plug de PVC quando colocado com a fita veda-rosca não precisa de muita força de aperto para estancar com segurança e o zelador me disse que apertou com muita força.
Ora, era a dica para desconfiar que a força pudesse ter danificado o tê espanando a rosca ou mesmo trincando o tê.
Não deu outra. Depois que removemos o revestimento azulejado e depois que removemos, de leve, a manta, jorrou bastante água que estava acumulada entre a manta e a parede.
Era esse vazamento, no tê, que não encontrando saída, percolava por entre a manta e a laje caminhando de um lado do prédio até o outro, por cerca de 15 metros, até encontrar a caixa de luz do teto da sala do Piso-14.
O interessante é que um pequeno filete de água de que conseguia atravessar a laje do Piso-15 e também a laje do Piso-14 deu-me a dica da "causa" ao produzir a mancha levemente escura no teto do banheiro do Piso-13.
As impermeabilizadoras não costumam instalar um dreno para a água que venha a se infiltrar no espaço entre a manta e a laje. Acontece, e muito, ocorrer infiltração nesse espaço principalmente pelas laterais, paredes e platibandas.
Parece complicado, mas um esquema seguro e que garante a impermeabilidade total é o seguinte:
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As cores empregadas para representar as peças no desenho acima, são cores que não representam a realidade das peças mas são exageradas para facilitar a visualização e a compreensão das diversas fases de montagem.
Nas minhas vistorias tenho constatado que a peça denominada Anel Anti-Infiltração é uma peça pouco conhecida. É de fundamental importância na estanqueidade da laje e vende em qualquer loja de material de construção. Veja uma foto:
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Amanhã publicaremos a última parte dessa matéria. 


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