quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

CUIDADO COM OS RAIOS E DESCARGAS ELÉTRICAS..

ATENÇÃO!   O conteúdo deste post é meramente ilustrativo e contém dicas importantes de casos que necessitam do trabalho de especialistas como Engenheiros e Geólogos, assim como de casos em que se deve chamar o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil .


Em média 100 pessoas morrem por ano no Brasil atingidas por raios, fora aquelas que não morrem mas ficam com seqüelas como perda de audição, perda de memória e outras irreversíveis. Para que você não venha a ser uma das 100 que morrerão nos próximos 365 dias, aqui vai algumas dicas práticas.

DICAS PARA EVITAR QUE UM RAIO CAIA NA SUA CABEÇA:
  1. Não ande na rua quando o céu tiver nuvem carregada. Nuvem carregada é aquela nuvem escura que vem um pouco antes de uma tempestade.
  2. Não precisa estar chovendo para cair raio. Basta a presença de nuvens escuras.
  3. Nem sempre o raio cai na forma de descarga com brilho intenso e muito barulho. Muitas vezes o raio é invisível e não faz barulho. Mas mesmo assim mata.
  4. Se tiver que andar, não corra. Só fato de você estar andando em local exposto já o torna vulnerável aos raios. Agora, se você correr, estará aumentando até 10 vezes o risco de ser atingido.
  5. Entre a calçada que tem postes de eletricidade e a outra que não tem, prefira andar pela calçada que não tem.
  6. Prefira andar junto aos prédios, é mais seguro.
  7. Se a cerca da casa é feita de arame, não ande muito próxima da cerca.
  8. Nunca se abrigue debaixo de uma árvore. Raios caem em árvores com freqüência. Quanto mais verde e mais frondosa, maior a possibilidade do raio em cair sobre ela.
  9. Não ande de moto. Embora tenha pneus de borracha e isso dê a impressão de isolamento elétrico, isso não é garantia de que o raio não vá cair e se correr vai aumentar ainda mais a chance de um raio cair sobre a moto.
  10. Nunca se abrigue na lateral ou em baixo de veículos como debaixo da carroceria de um caminhão. O veículo, sendo metálico, atrai muito os raios e quem estiver do lado ou em baixo vai ser o primeiro a ser atingido.
  11. Boa proteção é ficar dentro do carro e com as portas e janelas fechadas e sem ficar em contato com partes metálicas. Por exemplo, se você ficar segurando a maçaneta pode receber uma descarga pela maçaneta.
  12. Boa proteção é ficar dentro de casa e com a porta e janelas fechadas. Não fique perto de janelas e portas.
  13. Quando ficar dentro de casa não fique com as mãos em contato com partes metálicas como porta de ferro, janelas e vitrô de ferro, torneiras de pia, torneiras de lavatório, registro de chuveiro ou válvulas de descarga. Se você usar o vaso sanitário durante uma tempestade com raios, não dê descarga pois pode justamente nesse instante pode cair um raio na rede hidráulica e você vai receber essa descarga quando apertar a válvula de descarga.
  14. Se durante uma tempestade com raios alguém da casa chegar de carro, não saia correndo para abrir o portão para ela. Você vai estar correndo 2 riscos: 1º) você ao sair para a chuva vai se expor aos raios; 2º) você ao tocar com as mãos no portão de ferro vai se sujeitar a receber a descarga do portão. O melhor é você ficar dentro da casa e a pessoa ficar esperando dentro do carro e parado na rua e só deixar o veículo depois que parar de trojevar.
  15. Desligar (tirar o fio da tomada) a TV, computador, vídeo-game, forno de microondas, máquina de lavar roupa e outros aparelhos elétricos. O raio vem conduzido pela rede elétrica e pode “queimar” o aparelho, mesmo que o aparelho esteja desligado.
  16. Se estiver em contato, isto é, com as mãos em um eletrodoméstico, você deve abandonar imediatamente a tarefa. Vamos supor que você esteja batendo um bolo na batedeira elétrica e nesse instante começar a trovejar – então desligue tudo e volte a fazer o bolo somente quando parar de trovejar. Essa recomendação só vale para aparelhos ligados diretamente na rede elétrica. Um telefone celular não corre esse risco, a não ser que ele esteja ligado ao recarregador ligado na rede elétrica.
  17. Não há nenhum risco de ficar falando no telefone celular, desde que não esteja ligado ao recarregador ligado na rede elétrica.
  18. Se estiver tomando banho, saia imediatamente do banho pois o raio pode cair na rede hidráulica e você vai receber a descarga através da água do chuveiro. Ao sair do banho, não feche o registro, isto é, não ponha a mão no registro pois você pode receber a descarga através do registro.
  19. Lembre-se que a caixa d´água é sempre colocada no ponto mais alto da casa ou do prédio e é a primeira a receber os raios. Portanto, toda a rede hidráulica da casa estará sob risco de receber a descarga. Não toque, isto é, não ponha a mão em torneiras, registro e válvulas da rede de água da casa.

    EXPLICAÇÕES:
    1 -Quando uma nuvem escura abaixa, ela induz eletriciadade estática entre a nuvem e a terra. Surgem, então, cargas negativas na parte de baixo das nuvens e cargas positivas na superfície externa de tudo quanto é coisa que está sobre a superfície da terra.
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    2- Veja bem que é Eletricidade Estática, isto é, ela fica parada e não sai do lugar. As nuvens ficam, geralmente a grandes altitudes como 5.000, 10.000 metros. Um pouco antes da chuva, a nuvem que vai virar chuva abaixa a níveis de 1.000 metros ou menos. As numens de tempestade chegam a alturas bem pequenas, coisa do tipo 500 metros ou menos.
    3 - Quando uma pessoa anda de um local para outro, ela vai colhendo as cargas estáticas que estão espalhadas pelo chão. Todas essas cargas colhidas do chão irão se acumulando na pessoa. Isso faz com que a pessoa fique eletricamente mais carregada que as outras coisas que estão por perto.
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    4 - Se você correr, vai ficar mais carregado mais depressa. Então, entre as diversas opões de lugares que o raio tem para cair, vai preferir cair em você pois você está mais carregado que as outras coisas. É por isso, que numa partida de futebol debaixo de chuva, o raio cai nos jogadores e não na arquibancada, embora a arguibancada esteja mais alta, ou seja, mais perto das nuvens. O pior é que dentre os 22 jogadores mais juiz e bandeirinhas, o raio vai cair em cima do jogador mais ativo, isto é, aquele que estiver correndo mais, pois quanto mais corre mais eletricidade estática ele recolhe do chão.
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    Sei que tem gente que vai reclamar que nem sempre a carga positiva fica no lado da terra. Sei também de pessoas que vão dizer que nem todos os raios é entre a nuvem e a terra podendo acontecer raios entre uma nuvem e outra, mas isso não vem ao caso pois este post tem a preocupação de passar dicas para você não ser eletrocutado pelo raio. Veja as proteções que um prédio pode ter para proteger não só o prédio como também, e principalmente, as pessoas que nele habitam:

    PROTEÇÃO CONTRA QUEDA DE RAIOS


    Figura 1: 

    Raios caem em lugares propícios. Raios são correntes elétricas em fuga procurando o solo para se dissipar. Seu caminho preferencial são partes e peças metálicas e meios úmidos como parede molhada, árvores vivas, animais e até pessoas. Veja o desenho acima. Não se trata do Jogo dos 7 Erros, mas existem inúmeros objetos e partes do prédio que "atraem" os raios. No Brasil, mais de 100 pessoas morrem todo ano atingidas por raios. E os raios caem nos locais mais estranhos.

    NORMAS SOBRE RAIOS E ELETRICIDADE


    Eis uma relação de normas relacionadas a raios.
    NBR 5410:1997 - Instalações elétricas de baixa tensão - Procedimento
    NBR-5419 – Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas
    NBR 6323:1990 - Produto de aço ou ferro fundido revestido de zinco por imersão a quente - Especificação
    NBR-7117:1981 – Medição da resistividade de solo pelo método dos quatros pontos (Wenner).
    NBR13571:1996 - Hastes de aterramento em aço cobreado e acessórios - Especificação
    NBR 15749 – Medição da resistência de aterramento e dos potenciais na superfície do solo em sistemas de aterramento
    NOTA: Esta relação é parcial englobando a maior parte dos casos. Para uma realação completa consulte a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – www.abnt.org.br  
    PÁRA-RAIOS TIPO FRANKLIN

    Dentre os inúmeros tipos de captores, o mais antigo, mais comum e mais usado é o captor Franklin vulgarmente conhecido como Pára-raios Franklin. Benjamin Franklin tinha uma tese segundo a qual o trovão nada mais era que eletricidade. Para provar sua tese, Franklin realizou a famosa experiência da pipa (antigamente denominava-se papagaio, capuxeta ou pandora) no dia 1º de outubro de 1752 durante uma tempestade.O pára-raios Franklin é um captor metálico que tira proveito do "efeito das pontas" que facilita a passagem de um arco voltáico entre o captor e o ar atmosférico e vice versa.

    Figura 1: Pára-raio Franklin.
    É fabricado com material super-resistente à passagem de corrente elétrica elevada. Um pedaço de ferro comum, por exemplo, derreteria com a passagem de um raio. O captor Franklin protege tudo que estiver à sua sombra segundo um cone com vértice na ponta do captor.
    Figura 2: Efeito do Cone de Proteção
    Na medida em que nos afastamos da ponta, diminui o efeito de proteção do captor. A norma brasileira NBR-5419 estabelece limites máximos para considerar o efeito de proteção. Para prédios baixos até 20 metros (entre a ponta do captor e o terreno), a norma considera protegida todos os edifícios localizados dentro de um cone que tenha abertura de até 45 graus.

    Figura 3: Cone de proteção para edifícios baixos.
    Para prédios com altura até 30 metros (entre a ponta do captor e o terreno), a norma considera protegido todos os edifícios localizados dentro de um cone que tenha abertura de até 35 graus.

    Figura 4: Cone de proteção para edifícios de altura média.
    Para prédios com altura até 45 metros (entre a ponta do captor e o terreno), a norma considera protegida todos os edifícios localizados dentro de um cone que tenha abertura de até 25 graus.

    Figura 5: Cone de proteção para edifícios de altura média.
    A norma não considera protegida as áreas situadas a mais de 45 metros de distância do captor. Lembre-se, como dito acima, o efeito do captor diminui com a distância.

    Figura 6: Efeito do Cone de Proteção
    Se o efeito é muito pequeno (fraco), ou inexistente, o que pode acontecer nessas áreas localizadas em pontos muito distantes do captor?

    Figura 7: Raios conseguem atingir áreas sob o captor
    pois o efeito dele é muito fraco.
    Se o captor não consegue mais exercer proteção em áreas distantes, o que fazer? RESPOSTA: Devemos instalar mais um captor. No caso, não é possível instalar um captor tipo Franklin. Então instala-se um captor tipo cabo de Faraday. O efeito do Cabo de Faraday se dispersa seguindo um ângulo de 450

    Figura 8: Efeito de um segundo Captor:
    A distância de proteção do Cabo de Faraday não é muito grande. A norma limita essa distância em 20 metros. Então, para prédios com mais de 65 metros (21 andares) é necessário instalar um terceiro captor. Assim, de 20 em 20 metros vai se completando a área de proteção com captores do tipo Cabo de Faraday. Um esquema geral para um prédio de até 105 metros é o seguinte:

    Figura 9: Esquema Geral:


    PÁRA-RAIOS TIPO FARADAY

    Michael Faraday, famoso pesquisador prático, tinha alguns princípios que ficaram conhecidos como "Os Seis Princípios de Faraday":
    1- Sempre levar consigo um pequeno bloco com o fim de tomar notas a qualquer momento;
    2- Manter abundante correspondência;
    3- Ter colaboradores com o fim de trocar idéias;
    4- Evitar as controvérsias;
    5- Verificar tudo o que lhe diziam;
    6- Não generalizar precipitadamente, falar e escrever da forma mais precisa possível.
    Faraday tinha uma tese de que a eletricidade caminha pela superfície externa e se uma pessoa ficasse, por exemplo, dentro de uma gaiola metálica não receberia nenhuma carga de eletricidade.Para comprovar sua tese, Faraday realizou em 1836 um experimento que ficou conhecido como a Gaiola de Faraday. No experimento, uma pessoa permanceu dentro da gaiola medindo a eletricidade recebida e quando a gaiola foi eletrificada, os medidores indicaram que a pessoa não recebia nenhuma eletricidade.

    Figura 1:
    A princípio, se imaginava que a gaiola deveria ser uma caixa fechada totalmente revestida com chapas metálicas.

    Figura 2:
    Mas Faraday construiu a "gaiola" com telas tipo galinheiro. Depois verificou-se que a gaiola poderia ser construida com barras de ferro como nas prisões, com vãos maiores entre as barras. Comprovou-se que o resultado era o mesmo, isto é, a pessoa no interior da gaiola não recebe nenhuma carga de eletricidade:

    Figura 3:
    Por fim, descobiu-se que bastava ter feixes metálicos apenas nas arestas da gaiola que o resultado seria exatamente o mesmo, isto é, a pessoa no interior das arestas não recebe nenhuma carga de eletricidade.

    Figura 4:
    O Pára-raios Faraday emprega o mesmo princípio da Gaiola de Faraday. Condutores (cabos) elétricos instalados nas arestas do prédio recebem as descargas elétricas atmosféricas (raios) fazendo com que o que está "dentro" das arestas, isto é o prédio, não receba nenhuma carga elétrica.

    Figura 5:
    O captor Faraday protege tudo que estiver à sua sombra segundo um prisma com aresta no cabo captor.
    Figura 6: Efeito do Prisma de Proteção
    Na medida em que nos afastamos do cabo, diminui o efeito de proteção do captor. A norma brasileira NBR-5419 estabelece limites máximos para considerar o efeito de proteção.
    PROTEÇÃO DE CIMA:
    Para Nível de Proteção III (edifícios residênciais - casas e prédios) os cabos captores devem formar uma malha com largura e comprimento b. A largura a não poderá exceder a 10 metros e o comprimento b nao poderá ser maior que o dobro da largura a.
    Exemplo-1: Um prédio com cobertura retangular medindo 9 por 16 metros pode ter apenas uma única malha contornando o perímetro do prédio:

    Figura 7: 
    Exemplo-2: Um prédio com cobertura retangular medindo 9 por 19 metros deve ter duas malhas, pois o comprimento b=19 ultrapassa o dobro da largura a=9:

    Figura 8: 
    Ao se intalar dois captores, o espaço entre um cabo captor e outro é protegido pois os efeitos dos cabos se somam, formando um volume de proteção conforme o desenho seguinte:

    Figura 9:

    PROTEÇÃO LATERAL:
    A lateral do prédio também precisa de proteção contra a descaga elétrica atmosférica. O captor Faraday pode ser instalado na lateral do prédio, ao longo da vertical. Veja um desenho esquemático:

    Figura 10:
    No caso da figura acima, o captor Faraday foi instalado no meio da parede. Observe que o volume de proteção cobre apenas um dos lados do prédio. Para dar ao prédio proteção nos quatro lados, será necessária a instalação de quatro captores, um em cada face.Os  captores podem ser instalados no canto, na aresta, do prédio. Veja o desenho seguinte:

    Figura 11:
    Nesta alternativa, isto é, captores verticais instalados no canto do prédio, com apenas 2 captores conseguimos dar proteção em todas as faces do prédio. O Captor-1 dá proteção às faces C e D e o Captor-2 dá proteção às faces A e B.

    DESCIDA


    O Raio (descarga elétrica atmosférica) captado pelos captores devem ser conduzidos, o mais rápido possível, para o solo. Para isso, instalamos cabos elétricos, bons condutores de eletricidade entre os Captores (que ficam, geralmente, nas partes altas do prédio) e o Aterramento (que fica, geralmente, na terra).

    Furaga 1:

    Os cabos de descida devem ser sempre externos para facilitar a inspeção visual anual. Tratando-se de cabos especialmente fabricados para uma boa condução de eletricidades, os cabos nem sempre resistem bem às intempéries (chuva, sol e vento) e requerem intervenção corretiva.
    Vários são os problemas que afetam os cabos:
    1- Sofrem alongamento pela constante exposição ao ciclo esquenta/resfria o que ocorre mais nos períodos quentes (verão) do ano. Em dias quentes, o cabo exposto ao sol atinge temperaturas elevadas, coisa de 800C e, de repente, recebe um ataque de gelo picado (chuva de granizo) obrigando a temperatura chegar a zero em poucos minutos.
    2- Sofrem o impacto dos ventos fortes que produzem esforços horizontais e vibrações nos cabos causando a fadiga do material.
    3- O anel de isolamento elétrico (geralmente de borracha) existente no interior do suporte do cabo deteriora-se pela ação das intempéries e o cabo fica em contato direto com o metal do suporte, causando desgaste do cabo.
    4- A haste de alguns suportes rompem-se pela fadiga provocada pela vibração do cabo sob passagem do vento.

    Figura 2: Modelo típico de suporte de cabo de descida formado 

    por uma haste que mantém o cabo longe da parede e de um 
    anel de borracha para impedir que a tensão elétrica do raio 
    (mais de 50 milhões de Volts) passe para a parede.

    O QUE DIZ A NORMA NBR-6419.
    Existem restrições sérias impostas por norma brasileira (no caso a norma NBR-5419 Proteção de Estruturas Contra Descargas Atmosféricas). Vejamos algumas delas:
    1- Toda descida deve ser feita com pelo menos DOIS cabos. Não é admissível, um prédio ter o seu sistema de proteção contra descargas elétricas atmosféricas baseadas em apenas uma única descida. 
    2- Não é permitido que haja EMENDAS no cabo de descida (item 5.1.2.4.2).
    3- Os condutores de descida devem ser VERTICAIS, evitando-se cabos inclinados e horizontais. Dar a volta em torno de bordas e sali~encias é terminantemente proibidas (item 5.1.2.4.1).

    Figura 3: Desnho do item 5.2.2 da norma NBR-5419:
    Veja um caso muito comum que apresenta diversas irregularidades:


    Figura 4: Curvas dando a volta em beiral, lajes, etc.
    não são permitidas.
    4- A distância mínima entre o cabo e qualquer componentes não metálido do edifício deve ser de pelo menos 10 centímetros a fim de se evitar a ocorrência de CENTELHAMENTO entre o cabo e o componente. Centelhamento é quando ocorre o salto de uma faisca entre o cabo e a parede do prédio, formando um arco voltáico.

    Figura 5: Cabo torto e curvas do cabo aproximam o
    cabo da parede facilitando a ocorrência de arco voltáico
    por onde o raio poderá passar para a parede e, assim,
    dar choque elétrico nas pessoas que encostarem na parede.

    5- A distância mínima entre o cabo de descida e qualquer componene metálico do edifício (janela de alumínio, por exemplo) deve ser de pelos menos 2 metros. Quando passa uma corrente elétrica por um condutor, a corrente produz uma corrente pelo fenômeno da indução magnética. Em suas experiências práticas, Michael Faraday descobriu que dois condutores colocados um próximo do outro, mas sem nenhum contato entre eles, quando um deles recebe uma corrente elétrica ao ser ligado a uma fonte de eletricidade, no outro condutor aparece uma corrente induzida. A este fenômeno, ele deu o nome de Indução Eletromagnética.

    Figura 6: Experiência de Faraday onde dois condutores, CONDUTOR-A e CONDUTOR-B,
    colocados lado a lado, mas sem nenhum contato entre eles, quando um deles,
    CONDUTOR-A, recebe uma corrente produzida por uma fonte de eletricidade,
    no outro condutor, CONDUTOR-B, surgem (como que milagre) uma corrente induzida.

    Da experiência de Faraday podemos deduzir que um Cabo de Descida localizado próximo de um gradil metálico, de uma janela metálica, de um vaso de flores metálico e até de uma escada doméstica metálica poderá dar um tremendo choque numa pessoa que esteja, por enorme coincidência, em contato com o tal componente metálico na hora em que esteja ocorrendo uma queda de raio.
    Para evitar qualquer possibilidade de centelhamento e mesmo indução eletromagnética, a norma obriga que o cabo de descida seja instalado a mais de 2 metros de qualquer componente metálico.

    Figura 7: O cabo de descida deve ficar longe de qualquer componente metálico.
    A norma brasileira permite, para o Cabo de Descida, os seguintes tipos de materiais.


    ALTURA DO PRÉDIO
    MATERIALATÉ 20 metrosMAIS DE 20 metros
    DE COBRE16 mm235 mm2
    DE ALUMÍNIO25 mm270 mm2
    GALVANIZADO A QUENTE50 mm250 mm2

    Para quem é da época antiga, onde os cabos eram comprados segundo a bitola AWG (American wire gauge), vai aqui uma tabela de EQUIVALÊNCIA AWG X MILIMETROS:

    AWG
    Diametro (mm)
    Seção circular (mm2)
    0000
    11,86
    107,2
    000
    10,40
    85,3
    00
    9,226
    67,43
    0
    8,252
    53,48
    1
    7,348
    42,41
    2
    6,544
    33,63
    3
    5,827
    26,67
    4
    5,189
    21,15
    5
    4,621
    16,77
    6
    4,115
    10,55
    7
    3,665
    10,55
    8
    3,264
    8,36
    9
    2,906
    6,63
    10
    2,588
    5,26
    11
    2,305
    4,17
    12
    2,053
    3,31
    13
    1,828
    2,63
    14
    1,628
    2,08
    15
    1,450
    1,65
    16
    1,291
    1,31
    17
    1,150
    1,04
    18
    1,024
    0,82
    19
    0,9116
    0,65
    20
    0,8118
    0,52


    PAR GALVÂNICO

    A EXPERIÊNCIA DO PAR GALVÂNICO
    Toda vez que colocamos metais diferentes dentro de um meio aquoso forma-se um par galvânico.
    Cada tipo de metal tem seu próprio potencial galvânico. Veja uma tabela com o potencial galvânico de alguns metais:

    MATERIALVOLTS
    FERRO-0,44
    PRATA+0,80
    COBRE+0,34
    ZINCO-0,76
    ALUMÍNIO-1,66
    CROMO+1,33
    Observe que alguns metais tem potencial galvânico POSITIVO enquanto que outros tem potencial galvânico NEGATIVO, além do valor do potencial que varia de material para material.
    A experiência da pilha galvânica é feita colocando-se uma barra de alumínio e uma barra de cobre dentro de um recipiente com água. Por causa da diferença de potencial galvânico (o alumínio com -1,66 e o cobre com +0,34) forma dentro da água íons negativos (ÂNIONS) e íons positivos (CÁTIONS).
    Ora, íons de sinais contrários se atraem e forma-se, naturalmente, uma correte elétrica (dentro da água) conhecida como Corrente Galvânica.
    Do lado de fora do recipiente, podemos colocar uma lâmpada ligada, de um lado no alumínio e do outro no cobre. A lâmpada vai acender graças a uma corrente elétrica que flui do catodo para o anodo.

    Figura 1: Experiência da pilha galvânica.

    Em vez do alumínio e do cobre, qualquer par de outros metais pode ser utilizado na experiência, desde que tenha potencial galvânico diferente e quanto maior a diferença entre os potenciais galvânicos maior será a corrente elétrica resultante.
    As pilhas (do farolete, do radinho, etc.) e as baterias (do celular, do notebook, carro elétrico, etc.) se baseiam nesse princípio de funcionamento. Antigamente só se usava o chumbo mas passou-se a usar outros metais e surgiram pilhas e baterias de níquel, de cádmio e as de lítio.
    Durante o funcionamento da pilha galvânica um dos eletrodos vai sendo desgastado. No caso do exemplo acima, o alumínio vai sendo desgastado, isto é, ele vai sumindo com o tempo. Vai ficando fino, mais fino até que desaparece por completo.
    Na reação quimica que se forma, o oxigênio da água (H2O) transforma o alumínio no óxido de alumínio.
    A CORROSÃO ELETROLÍTICA NA NATUREZA
    Na natureza encontramos essa experiência em tudo quanto é canto, inclusive no solo debaixo de nossas casas.

    Figura 2: Pilhas Galvânicas que se formam no solo.
    Partículas de ferro, cobre, alumínio e outros metais estão misturadas à terra e com a umidade formam-se milhões de pares galvânicos, alguns funcionando como ANODO e outros funcionando como CATODO.
    Aqueles que fazem o papel de ANODO (os metais de potencial galvânico negativo como o Ferro e o alumínio) vão sendo desgastados e transformados nos óxidos correspondentes.
    Trata-se de um processo expontâneo e natural. É assim que uma lata de refrigerante (de ferro ou de alumínio) vai sumindo com o tempo. Sumindo significa vai enferrujando, enferrujando. É assim que a natureza "limpa" o meio ambiente.
    A CORROSÃO INDESEJÁVEL
    Na natureza é bom que aconteça a oxidação pois vai transformar os metais (geralmente sólidos) em sais solúveis que irão servir de nutrientes para as plantas e também formam a base de proteínas no organismo dos seres vivos (necessitamos de proteínas e sais minerais como o ferro, as vitaminas, etc.). 
    Entretanto, há casos em que a oxidação é indesejável.
    Porta de ferro, janela de alumínio, cano de ferro, etc. "não deveriam" se oxidar mas oxidam, enferrujam. Mesmo não estando enterrados, sofrem com a oxidação pois a umidade presente no ar cria pares galvânicos que corroem os metais. O processo é mais agressivo em ambientes poluidos, como nas grandes metrópoles, e em ambientes salinos como na beira mar. 
    Veja o que ocorre com um cano de água de ferro enterrado:

    Figura 3: Cano de ferro enterrado faz o papel de ANODO
    e é corroído no processo de corrosão eletroquímica.

    A corrosão vai afinando as paredes do cano e com o tempo a parede não suporta mais a pressão interna da água e arrebenta causando muitos danos às casas.
    Há casos especiais em que se utiliza como aterramento partes da estrutura de concreto armado do prédio. Tais casos especiais são realmente especiais e cuidados muito especiais devem ser tomados pois a corrosão eletroquímica ataca também o ferro da estrutura do prédio e com o tempo há comprometimento da segurança do prédio. Veja casos em que 28 anos depois se descobriu que um fenômeno denominado Reação Álcali Agregado atacou os blocos da fundação e foi isso que derrubou o prédio - .
    É muito difícil controlar os fenômenos que ocorrem no solo. Por isso é bom que todo o sistema de proteção contra as descargas elétricas atmosféricas seja instalado em locais visiveis e acessíveis para a importante e necessária inspeção periódica.
    Não vale a pena economizar alguns metros de cabo de cobre pois os riscos e os cuidados necessários são enormes. A corrosão galvânica, a reação álcali agregado e outros fenômenos como variação do lençol freático podem afetar partes estruturais importantes do prédio e colocar em risco a sua segurança e a estabilidade do prédio.
    Tem como evitar essa desgraça?
    A PROTEÇÃO DE INSTALAÇÕES ENTERRADAS
    Existem duas formas básicas de proteção:
    Proteção Anódica: 
    Nesse tipo de proteção, aplicamos sobre o cano de ferro (ou janela de alumínio, etc.) uma película protetora. Pode ser uma tinta zarcão, um processo conhecido como anodização, um outro processo conhecido como anodização, etc. 
    A película depositada forma uma barreira que protege o metal não deixando ele (o metal) funcionar como ANODO.
    Proteção Catódica:
    Nesse tipo de proteção, colocamos um outro metal para ser corroído. Esse outro metal é conhecido como ANODO DE SACRIFÍCIO e deve ter um potencial galvânico maior que o metal a ser protegido.
    No caso do exemplo acima (do cano de ferro enterrado) podemos enfiar barras de alumínio nas proximidades do cano.
    O alumínio que tem potencial galvânico bem maior que o do ferro, vai atrair para si os íons que se formam. No processo, quem acaba sendo corroído é o alumínio não acontecendo nada com o ferro.
    O ferro fica protegido pois um outro metal está sendo corroido (consumido) no lugar dele. Isso funciona bem enquanto tiver alumínio pois quando acaba o alumínio, os CATODOS existentes no solo começam a consumir o ferro.

    Figura 4: Barras de alumínio servem de ANODO DE SACRIFÍCIO,
    sendo corroídas no lugar o cano de ferro.

    SISTEMAS DE ATERRAMENTO
    Em um edifício, várias coisas precisam ser "aterradas" em função de diversos fenômenos elétricos que ocorrem no prédio.
    Básicamente, existem TRÊS sistemas de aterramento necessários:
    1-Aterramento da Descarga Elétrica Atmosférica (raios);
    2-Aterramento Elétrico dos Aparelhos Elétricos;
    3-Aterramento Eletrônico dos Equipamentos de Alta Frequencia.
    O Aterramento da Descarga Elétrica Atmosférica vai dar um fim à eletricidade trazida pelo raio. São mais de 50 milhões de Volts que podem danificar aparelhos, matar árvores, pessoas, romper partes do prédio, etc. Quando mais rapidamente conseguirmos dar um fim a esta eletricidade menos danos ela vai causar em nós e em nossas coisas.
    O Aterramento Elétrico dos Aparelhos vai evitar que a gente "leve um choque elétrico" ao mexer neles. Chuveiro, Torneira Elérica, Lavadora de Roupas, etc. devem ter uma ligação conhecida como Ligação à Terra para que eventuais correntes de fuga não venham a nos atingir. São tensões baixas (220 Volts no caso do chuveiro e 110 Volts nos demais aparelhos) que não chegam a matar mas são desagradáveis).
    O Aterramento Eletrônico vai desviar principalmente a eletricidade estática que pode queimar componentes sensíveis como os CHIPS de computadores, televisores, notebooks, etc. Uma das fontes mais comuns de eletricidade estática dentro de casa somos nós mesmos. Não é "nós" que levamos um choque ao tocar no computador mas sim o contrário, isto é, é o computador que "leva um achoque" com o nosso toque.
    Uma coisa muito importante é não misturar esses três sistemas. Os três sistemas devem ser totalmente independentes um dos outros.
    Muitas pessoas "acham" que se pode colocar tudo num único sistema, mas isso é um engano muito grande. Na queda de um raio, por exemplo, estará passando pelo sistema do pára-raios correntes de mais de 50 milhões de Volts.  Se o sistema de aterramento elétrico ou o sistema de aterramento eletrônico estiverem ligados nele ocorrerá a queima de televisores e computadores.
    Se tais aparelhos estiverem sob cobertura de uma Apólice de Seguros é bem possível que a Seguradora se negue a indenizar os prejuízos. Então, você que mora em um prédio em Condomínio, procure verificar com o Síndico se os sistemas de aterramento são totalmetne independentes um dos outros.

    Eng°. Roberto Massaru Watanabe.

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