Samuel Maia, Carlos Minc e José Maurício Patroni fiscalizam a Nero 20
As empresas Nero 20 e Leusado, que trabalham com reciclagem de óleo, querosene e thinner, foram interditadas nesta quinta-feira, 6 de setembro, por crime ambiental em Duque de Caxias no bairro Pilar. Seus responsáveis foram detidos e encaminhados à Delegacia de Meio Ambiente por despejo irregular de produtos poluentes no Rio Calombé - que chega até a pegar fogo tal a quantidade de agentes inflamáveis em seu leito. A Transmar, no mesmo bairro, também foi penalizada por descartar óleo de forma contínua nas águas pluviais e recebeu notificação do Governo do Estado.
A megaoperação contou com 40 homens da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Duque de Caxias, do INEA, do Batalhão da Polícia Florestal, da Polícia Civil e da Coordenação Integrada de Combate aos Crimes aos Crimes Ambientais do Estado (CICCA). Os responsáveis pelas empresas terão até 60 dias para se adequar as normas ambientais, não podem funcionar durante este período e suas multas podem chegar até R$ 50 milhões. “Montamos uma força tarefa com a participação de vários órgãos com a finalidade de proteger o meio ambiente e as famílias desta região ribeirinha”, disse Samuel Maia, secretário Municipal de Meio Ambiente.
Samuel e José Maurício identifcam óleo derramado em afluente
Não foi difícil descobrir o motivo de o Rio Calombé pegar fogo duas vezes em menos de um mês. Localizada no começo da Avenida Leonel de Mouro Brizola, antiga Presidente Kennedy, a Nero 20 recebeu três multas: descarte ilegal de resíduos, poluição e trabalho em desacordo com a licença obtida. A empresa faz descarte de óleo e derivados de forma direta em um córrego, afluente do Rio Calombé, que deságua suas águas no Rio Iguaçu e chaga à Baia de Guanabara. O truque funcionava da seguinte maneira: o óleo ficava represado em três caixas coletoras e depois era diluído por solvente e despejado no córrego, atrás da empresa, em canos de cerca de 100 mm. O mesmo problema aconteceu com a Leusado, que funciona ao lado da Nero 20, e que recebeu duas multas. Avisos de interdição, o embargo cautelar, foram colados nos portões das empresas. Elas só poderão operar novamente quando cumprirem as exigências.
Para Samuel Maia, ficou caracterizado de forma cabal o crime ambiental. “Houve uma clara violação às leis ambientais e nossa ação busca que as empresas possam trabalhar sem agredir a natureza. Queremos a adequação delas e que os moradores do seu entorno não sofram com a ação nociva das empresas, que prejudica toda a Baixada”, destacou Maia.
Samuel diante de umas das empresas interditadas: violação de direitos ambientais
Carlos Minc, secretário Estadual do Ambiente, disse que a forma como estas empresas agiam equivaliam a um ato de homicídio. “Essas empresas cometeram crime contra o meio ambiente e contra os moradores desta região. Os responsáveis podem pegar até 20 anos de cadeia. Elas não podem burlar a lei e ficarem impunes”, sentenciou o secretário Estadual.
Com o mato queimado em sua margem, o óleo das empresas era visível no leito do Rio Calombé, problema que tem afetado a saúde dos moradores, como o mecânico de moto Damião Gomes Vieira, 50 anos, há 35 vivendo no local. “Estou com problema respiratório devido aos produtos químicos jogados no rio”, denunciou o morador. O INEA vai exigir a recuperação do Calombé e que os moradores sejam indenizados pelas empresas.
De acordo com José Maurício Patroni, da CICCA, haverá novas operações. Segundo ele, no Pilar foram identificados um total de 12 pontos de poluição que serão investigados em operações conjuntas com os órgãos ambientais.
Samuel Maia e Carlos Minc observam caixa encrustada de óleo na Leusado
Damião Vieira: problemas respiratórios
Texto: Antonio Pfister
Fotos: Marcio Leandro
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